De 31 de outubro a 2 de novembro, o Cartaxo recebe a Área de Contenção 2014 – 1º Encontro de Cinema Fantástico e de Horror do Cartaxo. A iniciativa promete vários filmes inéditos em Portugal e o MEO Kanal 126177 apresenta a primeira amostra.
Depois de mais de 200 filmes inscritos, já está escolhida a Selecção Oficial que compõe a competição da Área de Contenção – Encontros Internacionais de Cinema Fantástico de Horror do Cartaxo, constituída por longas e curtas-metragens, documentários e filmes de animação vindos de Portugal, Espanha, Itália, Bulgária, Islândia, Estados Unidos da América, Canadá, China, França e México.
O evento arranca no Centro Cultural do Cartaxo a 2 de novembro, às 21h30, com uma sessão de abertura que destaca "Escape From Tomorrow", de Randy Moore, o filme sensação do Festival de Sundance de 2013, inteiramente filmado no Walt Disney World e na Disneyland sem permissão da Disney, e ainda "24 Horas Com Lúcia", de Marcos Cabotá, e o filme extra-concurso de João Alves, "Bats in the Belfry".
Antes da estreia desta primeira edição, o MEO Kanal 126177 disponibiliza dezenas de trailers dos filmes, uma forma de ir preparando terreno para os muitos sustos que vão marcar o Cartaxo nos próximos tempos.
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Área de Contenção - Encontros Internacionais de Cinema Fantástico e de Horror do Cartaxo terá a sua primeira edição este ano entre os dias 31 de Outubro e 02 de Novembro no Centro Cultural do Cartaxo. Com mais de duzentos filmes inscritos e com uma selecção que engloba obras vindas de Portugal, Espanha, Itália, Bulgária, Islândia, Estados Unidos, Canadá, França, China e México os vários filmes seleccionados dividem-se nas secções Selecção Oficial (Longas e Curtas-Metragens), Out of the Box (Prémio do Público) e Monstro Debaixo da Cama. Foram assim seleccionados os seguintes filmes:
Secção Oficial - Longas-Metragens Escape from Tomorrow, de Randy Moore (EUA) Evangeline, de Karen Lam (Canadá) The Perfect Husband, de Lucas Pavetto (Itália) Roseville, de Martin Makariev (Bulgária)
Secção Oficial - Curtas-Metragens 24 Horas con Lucía, de Marcos Cabotá (Espanha) Anger of the Dead, de Francesco Picone (Itália) Babysitting Story, de Vincent Smitz (França) Bodas de Papel, de Francisco Antunez (Portugal) Boy, de Bruno Gascon (Portugal) Cólera, de Aritz Moreno (Espanha) De Morrer a Rir, de Leonardo Dias (Portugal) Dentes e Garras, de Francisco Lacerda (Portugal) Encarna Viva, de Maria Sanchez Testón (Espanha) Firme Usted Aqui, de Rodrigo Zarza Rioja (Espanha) Honeymoon Suit, de Zao Wang (China) Io Sono Morta, de Francesco Picone (Itália) Lobos, de Rodrigo García Sebastiá (Espanha) M is for Macho, de José Pedro Lopes (Portugal) M is for Mail, de Pedro Santasmarinas (Portugal) Magia, de Iker Acer (Espanha) Mariachi Loco, de Oliver Izquierdo Gorostieta (México) No Place, de Nina S.F. Engel (Espanha) Nochebuena, de Joaquín Arca (Espanha) La Nouvelle Vague si que Molaba, de Simón Fariza Miralles (Espanha) Pela Boca Morre o Peixe, de João P. Nunes (Portugal) Permiso de Ausencia, de Row and Jack (Canadá) Safari, de Gerardo Herrero (Espanha) Sail Me To the Moon, de Charles Jaeger e Jullien Gritte (França) Similo, de Zacarías (Espanha) Sinnside, de Miguel Ángel Font Bisier (Espanha) Tanatopraxia, de Víctor Palacios (Espanha) Trato Preferente, de Carlos Polo (Espanha) Tuck Me In, de Ignácio F. Rodó (Espanha) The Working Dead, de Dernando González (Espanha) Zombie4Kids, de Pedro Santasmarinas (Portugal)
Out of the Box Be Happy, de Javier Chavanel Fraile (Espanha) Canis, de Marc Riba e Anna Solanas (Espanha) Cargols!, de Geoffrey Cowper (Espanha) Cuando Nieva Sobre el Hielo del Infierno, de Pedro Jáen R. (Espanha) D.E.P.: El Club, de Juan Carlos Alcaraz (Espanha) Dientes de Otro, de Manuel Ortega Lasaga (Espanha) Domo, de Manolo Hernandez (Espanha) The Dream Player, de Curro Royo (Espanha) En el Castillo, de Franco Lorenzana (Espanha) Frost, de Reynir Lyngdal (Islândia) Helix Aspersa, de Grégoire Graesslin (França) Hogar Dulce Hogar, de Carlos Carpallo Pericás (Espanha) Inertial Love, de Cesar Esteban Alenda e Jose Esteban Alenda (Espanha) Ku, de Arganda del Rey (Espanha) Mienin, de David Cordero (Espanha) La Odiada y Loca Mujer-Animal, de Enrique Calvo (Espanha) The Only Man, de Jos Man (Espanha) Only Solomon Lee, de Àlex Lora (Espanha) Por Eso No Tengo Hermanos, de Paco Cavero (Espanha) Résurgences, de Charlotte Cayeux (França) Vacuity, de Toni Morejon (Espanha) Zombie World, de Juan José Patón (Espanha)
Monstro Debaixo da Cama Candyhearts, de Joan Martín Gimenez (Espanha) Ghostly, de Orió Peñalver e Eric Monteagudo (Espanha) Juan y la Nube, de Giovanni Macelli (Espanha) A Lifestory, de Nacho Rodríguez (Espanha) Un Ojo, de Lorenza Manrique (México) Prince Yoggle, de Trevor Hardy Princesa China, de Tomás Bases (Espanha) Zombie4Kids, de Pedro Santasmarinas (Portugal)
A 2ª edição deste festival está aí outra vez. Desta vez com um tributo ao falecido Christopher Lee.
Apresentação
Área de Contenção - Encontros Internacionais de Cinema Fantástico e de Horror do Cartaxo é um festival de cinema a acontecer na cidade do Cartaxo. De 6 a 8 de Novembro o Cartaxo prepara-se para ser invadido pelo melhor do horror e fantástico de todo mundo.
Este festival tem como objectivo a promoção dos valores culturais e artísticos, nomeadamente cinematográficos, e ainda incentivar o gosto pelo cinema e pelas artes em geral, procurando estudar e debater as questões relacionadas com a temática do fantástico e do horror. A Área de Contenção reserva ainda uma atenção muito especial ao audiovisual produzido por Países de Lingua e Expressão Portuguesa e à Região do Ribatejo.
Este festival reúne os filmes em competição em diversas secções: longa-metragem, curta-metragem, animação, documentário, videoclip, nacional, regional (onde são incluidos apenas filmes realizados na região do Ribatejo) e filmes de estudantes.
Eu moro ao pé do Cartaxo, mas não vou ao cinema desde o dia 1 de Janeiro de 2000.
Estive a ver o site oficial. e é engraçado porque tem copyright do ano 2023 (portanto copyright inválido). Um problema do site é não conter links/informação para os filmes apresentados, eles têm lá títulos ingleses da Rússia e Bulgária, que é quase impossível eu perceber se são longas-metragens, filmes de estudantes, desenhos animados, ou sei lá o quê, sem o título original em círilico. Por exemplo há lá um filme russo entitulado "III", acham que vou descobrir que filme é se colocar "III" no google? Bom, por acaso até podia lá chegar com o nome do realizador, mas daria muito trabalho.
Se alguém estiver interessado em vir ao festival, são 60 km a partir da saída norte de Lisboa, e custa 5 euros de portagem e 20 euros de gasolina, para ida e volta. Saiam ao quilómetro 46 da A1, a seguir à área de serviço de Aveiras de Cima (caso venham de Lisboa), e depois é só seguir a direito 12 km na pseudo "via rápida", que liga Aveiras ao Cartaxo.
É um terra de boa gente, boa comida e bons vinhos, mas sem nenhuma atracção turística... Cavalos e vacas a pastar ao longo da estrada, com pastores de cabras e ovelhas a tentar cruzar a estrada. (Há uns meses um bode ia-me partindo o automóvel, quando o pastor fez sinal para eu ultrapassar o rebanho, desde então não ultrapasso mais rebanhos, não me ensinaram isso nas aulas de condução em Lisboa. ) Mas não existem engarrafamentos de trânsito nem assaltos à mão armada como em Lisboa.
Se alguém estiver a pensar em ir ao festival e tiver alguma dúvida acerca da localidade, perguntem aqui.
Algumas curiosidades históricas sobre Cinema, da região do Cartaxo.
A primeira curiosidade é o Cine-Aveiras, que é a única instância portuguesa que conheço, e que é semelhante ao conceito de cinema de aldeia, mostrado nos filmes americanos antigos ("A Rosa Púrpura do Cairo") ou no clássico italiano "Nuovo Cinema Paradiso".
A segunda curiosidade é politicamente sensível, acerca dos regimes portugueses antes e após o 25 de Abril, e envolve o Festival de Cinema de Santarém, que premiou filmes soviéticos em Portugal, que ainda hoje os estúdios da Rússia, Bulgária e afins, autores dos respectivos filmes, se orgulham de indicar o prémio português, em bom alfabeto cirílico.
Se os leitores do Xploited Fórum pesquisarem a internet, na nossa língua materna portuguesa, provavelmente não irão encontrar quase nada acerca do "Festival Internacional de Cinema de Santarém". Mas se pesquisarem com o alfabeto cirílico (por exemplo no idioma búlgaro ou russo), entram na Twilight Zone, onde nem tudo é o que parece...
Exemplo de 1973, onde os organizadores do festival de Santarém se calhar corriam perigo de vida, e podiam ser presos e torturados pela PIDE, por mostrarem cinema de leste em Portugal:
Vou colocar a minha crítica original em spoiler pela sua enorme dimensão, mas atenção que eu descobri que a Ibéria e o povo ibérico situam-se no Cáucaso na Europa de Leste, e o império romano deparou-se com um mistério quando chegou a Portugal e Espanha, e encontrou a cultura ibérica por aqui. Não estou a inventar isto e é melhor lerem o meu texto e verem os links históricos do Wikipedia, acerca do povo ibérico. Isto é mesmo Twilight Zone... "You are entering another dimension..."
Quem já me conhece, saberá que estou a falar a sério, e irei mesmo mostrar mapas e links históricos, de fontes sérias do wikipedia, acerca do Império Romano ficar intrigado em descobrir o povo ibérico da europa de leste, a viver em Portugal e Espanha, há 2000 anos atrás.
Mas antes, devo referir que essa questão do filme búlgaro ou da história da cultura ibérica são off-topics, pois é apenas um exemplo do Festival de Cinema de Santarém, muito acarinhado pelos estúdios soviéticos, na década de 1970. No entanto comentem o off-topic, pois se quiserem posso transferir essa questão para outro tópico (como "O meu Cantinho"). Confesso que gosto de lançar questões polémicas.
Spoiler:
O corno de cabra Drama | Ficção Histórica (100m) - "Козият рог"
Data de Estreia: 5 de Outubro de 1972 (Bulgária) / 1973 (Portugal - Festival Internacional de Cinema de Santarém) Realização: Metodi Andonov Actores Principais: Katya Paskaleva, Anton Gorchev, Milen Penev
Sinopse:No séc. XVII, quando a Bulgária se encontra sob ocupação islâmica pelo império otomano, uma menina assiste à violação e assassínio da sua mãe, pelos senhores feudais turcos. O pai dela leva-a para os montes, onde lhe dá uma educação e treino violento de rapaz, e incute nela a vontade de vingança.
Nota e destaque especial: Vencedor de prémios de cinema em Portugal, E.U.A., Europa Ocidental, Europa de Leste, Ásia e América do Sul, ver lista de prémios traduzida do alfabeto cirílico, mais adiante.
- First Prize and Audience Award and Award of the Central Committee of the Dimitrov Young Communist League Katya Paskaleva Festival of Bulgarian films, Varna, 1972
- Special Jury Prize, Karlovy Vary 1972
- Second prize "Silver Hugo", Chicago, 1973
- Third prize, Colombo, 1973 (Sri Lanka)
- Award for female roll Katya Paskaleva, Panama, 1972
- The "Family" for best actress Katya Paskaleva, Brussels, 1973
Começo pelo fim ao adiantar que a minha classificação deste filme, genial e original em múltiplas vertentes, será digna do máximo de 100%.
Esta crítica será grande e os temas que irei "atacar" serão:
- Folklore - Realismo - Folklore - Semelhança entre Portugal e Bulgária - Argumento - Abordagem cinematográfica técnica - Lado poético do filme - Música - Disponibilidade do filme: You Tube vs. DVD Búlgaro - Prémios - Santarém - Enquadramento histórico
A história começa com o dia-a-dia de uma famlília búlgara rural do séc. XVII, composta pelo casal e uma filha pequena, em que se vê mãe e filha a fazerem pão caseiro e o pai a pastar as cabras. O realismo e competências cinematográficas, típicos e característicos do Cinema do Bloco de Leste, são de tal ordem que na primeira visualização apenas apreciei a fluidez, naturalidade e beleza das cenas, que decorrem a bom ritmo, mas na segunda visualização apreciei todo o esforço, treino, preparação e desempenho, necessários para concretizar este filme.
Esta imagem faz-me lembrar uma aldeia quase desertificada no nordeste de Portugal...
Antes do arranque dessa cena inicial do filme, já tinham surgido estas duas linhas de texto, nas legendas em inglês: THIS BLOODY STORY TAKES PLACE IN XVII AD / IT BEGINS WITH VIOLENCE. A mãe é violada e morta por sufocamento (por estar a gritar muito alto) à frente da filha, pelos senhores feudais turcos/islâmicos/otomanos.
Durante a violação da mãe, o turco arranca-lhe o crucifixo cristão e ri-se do objecto infiel
Para enquadramento histórico, ando há algum tempo a preparar uma análise aos filmes Khan Asparukh, acerca da fundação da Bulgária no séc. VII D.C., e Mircea, onde a Roménia faz fronteira a sul com o "Tarantul de Târnovo" (Ex-Bulgária), que tinha acabado de cair no séc. XV D.C. para os otomanos. Já mostrei alguns clips criados por mim no tópico das cenas favoritas do cinema, mas ainda não escrevi críticas dessas belas obras, mas fica a referência futura. Um outro filme que explora a ocupação otomana da Bulgária no séc. XVII D.C., é o épico de 5 horas de duração, feito em 1987 chamado "Време разделно" (Time of Violence), filme que já vi e gostei, mas este então nem sequer referi até agora.
A filha fica traumatizada a assistir à violação
Este filme é insólito e original, pois quase não tem diálogos, trata-se de uma obra-prima do story-telling, totalmente acessível, que uma criança acompanha facilmente, eu acho que teria adorado ver o filme com seis anos de idade, e possivelmente teria ficado marcado/encantado na positiva com ele, mas ao mesmo tempo não é um filme para todos (os gostos), porque nem toda a gente aprecia os mesmos assuntos, temas e atmosferas.
Esta obra não é nenhum filme intelectual (conceito português) esquisito, do estilo dizer o dito por não dito através de simbolismos, abordagem que não aprecio pessoalmente. No entanto é um filme "Art-House" (conceito norte-americano) claramente das classes experimental e artística do cinema, mas acessível para todos, bonito, simples, lógico, credível e realístico.
Reparem que quando eu oiço o termo "filme experimental", penso logo em devaneios e rasgos de loucura, de estudantes de cinema, da onda de psicanálise do Freud e pintor abstracto Picasso. Esse conceito não tem nada a ver com este filme búlgaro, que é um filme experimental do ponto de vista técnico/cinematográfico, mas com abordagem totalmente lógica, coerente, bonita e de qualidade.
Criei um excerto, onde este conceito experimental pode ser observado. Nesta cena a menina já tinha crescido, educada violentamente como maria-rapaz, pelo pai, que incutiu nela sentimentos de vingança contra os turcos. Não existe quase nenhum diálogo nesta cena, e na segunda parte podemos ver algum folclore búlgaro do séc. XVII que me fazem lembrar os "cabeçudos" portugueses ao som dos Pauliteiros de Miranda, ou algo assim. Não sei precisar ou identificar bem nenhuma tradição portuguesa específica, mas os meus instintos dizem-me que isto parece uma tradição antiga portuguesa:
A nível das semelhanças culturais profundas entre Portugal e o sul da Europa de Leste, que eu já estou farto de notar nos filmes que vejo do outro lado da cortina de ferro, coloquei o título português "O corno de cabra" no google, para ver se exsitia alguma empresa portuguesa que vendesse o DVD, e surgiu um clip no You Tube com o título português e texto em espanhol. Fiquei intrigado porque eu já tinha visto que o título espanhol era "Cuerno de cabra"...
Afinal a descrição do título e do excerto não estava escrita nem em espanhol, nem em português... estava em galego:
Extracto do film "Kozijat rog" (Corno de cabra) do director búlgaro Metodi Andonov (1972), onde se recolle unha tradición popular moi similar ao entroido ourensán.
Ou seja, houve um tipo da Galícia, que criou um excerto semelhante ao meu, e que achou que o folclore búlgaro era quase idêntico às festividades do Entrudo/Carnaval da região galega de Ourense...
Portanto já não sou o único a ficar intrigado com as similaridades culturais entre a Península Ibérica e o sul da Europa de Leste.
Off-topic: Já agora, sabiam que também existe uma península ibérica na Geórgia? Em georgiano, a Península Ibérica fica no Cáucaso, e para eles Portugal e Espanha situam-se na "Península dos Pirinéus". Para os gregos e romanos, parece (segundo uma das teorias) que os iberos eram o mesmo povo e cultura, os de Portugal/Espanha eram os ocidentais e os da Geórgia eram os orientais, pode ter havido alguma migração, não percebi bem, mas fiquei intrigado... link em inglês: https://en.wikipedia.org/wiki/Caucasian_Iberians (se traduzirem a versão georgiana, há mais informação)
Retomando o enredo do filme... Nove anos após terem fugido para os montes, a rapariga e o pai andam a matar os senhores feudais otomanos, de forma ritualística, como na imagem seguinte:
A certa altura, a rapariga fica saturada das matanças e de ter sido forçada a comportar-se violentamente como um rapaz, apaixona-se por um homem, que namora às escondidas do pai, e a certa altura rouba roupas de mulher e casa-se às escondidas, criei um video dessa parte, que inclui o efeito-choque de ver a actriz com roupa feminina pela primeira vez no filme, isto é genial e poético:
Ambos os clips que criei possuem a música composta para o filme, pela falecida Maria Neykova, onde ela, além da viola, utiliza a voz como intrumento sem letra e apenas canta "Na Na Na Na", mas são Nanás muito bonitos... Mais tarde, depois do lançamento do filme, Bogomil Gudev compôs a letra „Двама“ ("Dois"), que pode ser ouvida no trailer que usei no cabeçalho, ou se quiserem antes ver a Maria a cantá-la ao vivo, encontrei um video televisivo do tempo da guerra fria (tive de utilizar o alfabeto cirílico para o encontrar):
Quanto aos prémios e ao Festival de Santarém em Portugal...
Este filme foi a submissão oficial da Bulgária aos Óscares de Hollywood, mas foi recusado pelos americanos. Ganhou os prémios que já indiquei na ficha técnica, mas o prémio do Festival de Santarém é insólito, por ter sido atribuído no ano de 1973, em que Portugal estava sob ditadura fascista.
De 1976 em diante existiu censura política pela RTP e distribuidoras de Clubes de Vídeo que bloquearam o cinema de leste em Portugal (tal não aconteceu em Espanha, Itália, R.F.A., França e Reino Unido), no entanto os festivais de cinema portugueses não foram atingidos por essa censura, e continuaram a exibir filmes de leste nos festivais de Santarém, Troia e Fantasporto. Pormenor curioso...
Traduzi o site búlgaro que vende o DVD (a língua búlgara usa o alfabeto cirílico), e aquilo custa 10 Lev búlgaros, que são €5,00, mas não tem legendas nem menús, e eles limitaram-se a passar a versão VHS para um disco DVD-R. Julgo que não terá interesse. O site é este se alguém quiser confirmar:
Edição portuguesa não encontrei, mas acho estranho não existir à venda nenhuma versão decente restaurada, com legendas, devido ao prestígio internacional do filme. Se alguém descobrir uma versão oficial legendada à venda, coloquem o link, para referência. (Nota: eu não procurei no lado "americano" da internet com títulos transliterados, se calhar a Criterion tem alguma coisa, quem sabe...)
Em conclusão, adorei este filme que é da corrente do realismo que eu aprecio bastante, ao mesmo tempo com uma história que acho muito interessante, e com uma abordagem técnica experimental pioneira, original e de qualidade.
A minha classificação: 100%
Nota: Esta crítica foi complicada de escrever. Se alguma coisa estiver confusa, pouco clara ou não fizer sentido, avisem...
Zé da Adega escreveu:Eu moro ao pé do Cartaxo, mas não vou ao cinema desde o dia 1 de Janeiro de 2000.
Estive a ver o site oficial. e é engraçado porque tem copyright do ano 2023 (portanto copyright inválido). Um problema do site é não conter links/informação para os filmes apresentados, eles têm lá títulos ingleses da Rússia e Bulgária, que é quase impossível eu perceber se são longas-metragens, filmes de estudantes, desenhos animados, ou sei lá o quê, sem o título original em círilico. Por exemplo há lá um filme russo entitulado "III", acham que vou descobrir que filme é se colocar "III" no google? Bom, por acaso até podia lá chegar com o nome do realizador, mas daria muito trabalho.
Por acaso vi esse filme este ano no Fantasporto, até é interessante, um pouco artistico/experimental.
Zé da Adega escreveu:Off-topic: Já agora, sabiam que também existe uma península ibérica na Geórgia? Em georgiano, a Península Ibérica fica no Cáucaso, e para eles Portugal e Espanha situam-se na "Península dos Pirinéus". Para os gregos e romanos, parece (segundo uma das teorias) que os iberos eram o mesmo povo e cultura, os de Portugal/Espanha eram os ocidentais e os da Geórgia eram os orientais, pode ter havido alguma migração, não percebi bem, mas fiquei intrigado... link em inglês: https://en.wikipedia.org/wiki/Caucasian_Iberians (se traduzirem a versão georgiana, há mais informação)
Pode-se ter chamado Iberia, mas não era uma peninsula
Daninsky, acho que a certa altura houve mesmo uma península ibérica, algures no Cáucaso, na era da Grécia Antiga (e depois na Roma Antiga), mas não tenho a certeza. Teria de re-ler a tradução do wikipedia em georgiano/karteliano para confirmar. Penso que não foi nenhuma distracção ou vício linguístico meu quando referi "península ibérica" na europa de leste, na região da Geórgia.
Não tenho a certeza, mas de qualquer modo, não quero entupir o tópico do festival do Cartaxo, que se realiza já no próximo fim de semana com este off-topic (altamente interessante).
Daninsky, achas que copie a minha crítica do filme "O Corno de Cabra" para o meu cantinho na secção off-topic, para discutirmos por lá a questão histórica do povo "ibérico"?
Por acaso até gostava de dar um salto lá para ver um filme e o ambiente, só mesmo naquela de passeio de fim de semana, mas vai estar por cá o Estoril Film Festival e também quero ir.