- mensagem de cabeçalho reservada para informação geral -
Em princípio, os filmes que eu tenciono comentar serão insólitos ou sinistros, e até nem fogem ao ambiente do Xploited.
Tipicamente irei referir a Disney, como ponto de comparação, com o mesmo desdém que eu detenho pela censura religiosa-moral do "Production Code" (censura do cinema norte-americano), que caiu nos anos 60, não obstante a sua qualidade técnica-artística. Eu não tenho a culpa de que a Walt Disney considere, como sendo pecado ou algo de imoral, uma actriz nua num filme infantil, quando não existia esse problema nas produções do bloco soviético.
Também não acho bem esse tal de final feliz dos filmes da Disney, e gosto de ver um conto de fadas a acabar mal de forma violenta, conforme a literatura e tradição oral original do antigamente.
O tópico é aberto a todos os filmes ou animações que considerem de interesse para o fórum, e devem colocar aqui as vossas sugestões, em paralelo com a meia dúzia de casos que planeio aqui partilhar.
Como introdução, destaco "A Companhia dos Lobos", que foi um filme que eu gravei da televisão, nos primórdios da SIC, por volta de 1994, e que revi várias vezes na minha cassete VHS:
As we have already mentioned on the pages of this blog, in the Soviet Union, the narratives of supernatural were not quite favoured by the state ideological policy dictated by socialist realism, therefore horror could not develop as a genre, like it did within the majority of Western European national cinemas. But the repressed always returns, that is why horror elements are scattered around Soviet cinema, occasionally popping up in the most unexpected places.
A citação acima e ambos os excertos fazem parte de um artigo, no site britânico Camera Obskura, dedicado ao cinema soviético, cuja premissa é "Russian Cinema beyond Eisenstein and Tarkovsky".
Obviamente esses cinéfilos ingleses, não acham nenhuma graça a esse elitismo "fan-boy" do Eisenstein, Tarkovsky, Stanley Kubrick, Akira Korusawa, Martin Scorcese, etc. ditado pelas elites "intelectuais" da geração anterior à nossa.
O artigo britânico de categoria, acerca dos contos de fadas do cinema russo, com análise dos dois excertos acima, pode ser lido aqui:
Vou indicar um fórum estrangeiro em inglês semelhante aos fóruns de cinema portugueses, que tem lá um tópico parecido com os meus posts e análises, que faço aqui:
O sujeito que criou o seguinte tópico é 10 vezes mais fanático e conhecedor do que eu, do cinema de leste. Eu ainda só vi 5 dos filmes romenos que ele apresenta, cheios de screenshots armado em Zé. Ele também usa o photobucket como eu.
Eu não conhecia esse fórum, e tropecei agora nele enquanto procurava imagens e vídeos de um filme romeno que mistura ficção científica com contos de fadas. Epá! A minha descrição anterior parece o "Star Wars", mas refiro-me a um filme onde o cineasta romeno substitui elementos mágicos de contos de fadas, por tecnologia extraterrestre, no século XIX.
Por acaso esse "Zé" do fórum estrangeiro esqueceu-se deste filme...
Mais uma vez não existem trailers e volto a ser eu o primeiro gajo do mundo a criar um trailer para um certo filme... mas faço isso com todo o gosto.
O realizador Ion Popescu-Gopo deste filme, começou por ser um pioneiro de desenhos animados no ano 1949, o homem adorava e tinha inveja do visual da Walt Disney, que não conseguia igualar do ponto de vista estético e por isso tentou minar o rival americano, de forma imatura, ao tentar criar um movimento intelectual/artístico anti-Disney no bloco soviético. Ele mais tarde confessou essa estupidez imatura, mas devido a ele ser um frustrado "fan boy" da Walt Disney, enveredou por um estilo de animação mais inteligente, filosófico e maturo, na lógica egocêntrica de que se não conseguia superar a animação da Disney na técnica, iria fazê-lo pela inteligência e maturidade do conteúdo da animação.
Ion Popescu-Gopo attended (but never graduated from) the Academy of Fine Arts in Bucharest. He also attended animation courses in Moscow. He made Maria, Mirabela which is a Romanian-Russian co-production.
His career started as a designer and cartoonist in 1939, publishing caricatures and editorial cartoons in newspapers. 1949 brought his debut in the film industry with "Punguţa cu doi bani" (Bag with two coins). Since 1950 he started working for Studioul Cinematografic Bucureşti (Cinematographic Studio Bucharest) in the animation department, that later broke into a separate animation studio, Animafilm.
His most known cartoon character is a little black and white man sometimes referred to as "Gopo's Little Man" after his creator. Later in his life Popescu-Gopo confessed that he tried to start an "anti-Disney rebellion". Unable to surpass Disney's animation characters in color and beauty, Popescu-Gopo tried to be more profound in message and substance and simplify the form and techniques used. Unlike Disney's cartoon characters, Popescu-Gopo's cartoon characters were black and white, designed in simple lines.
Observação: Como veem, eu mesmo que me refugie no cinema de leste, não consigo evitar de falar na Walt Disney, de que desaprovo... Infelizmente terei de comentar muitas vezes as produções da Disney, como contra-peso, neste tópico. Irei perder a calma e escrever parvoíces, depois ficarei mais calmo e irei re-editar os meus comentários, fazendo uma revisão ao texto, por isso peço paciência os leitores para aturarem as minha futuras explosões, sempre que eu faça uma comparação com o conceito ideológico de produções Disney.
Este filme romeno de 1977 "Uma História de Amor", baseado no conto "A História do Porco", publicado 100 anos antes, comete uma série de asneiras, a começar pelos maneirismos dos anos 70. O filme é muito original e até possui uma premissa muito inteligente e sofisticada, mas a segunda parte é tão estúpida que só serviria para uma criança de 8 anos, que estivesse sob influência da substância alucinogénica LSD... a segunda parte é um típico filme para hippies drogados dos anos 70, que faz tanto sentido como a canção "The End" do Jim Morrison, com a letra "The blue bus... is calling us."
O problema aqui é que os hippies drogados nos anos 70, não tinham 8 anos de idade, e este filme é infantil e dirigido a criancinhas de 8 anos.
Existe por aí muito filme conceituado, a que chamam cinema de culto, de autor, mas principalmente de surrealismo, como por exemplo o filme "El Topo" (que eu nunca vi), que depois vou ler os comentários dos cinéfilos, e é tudo malta drogada a contar que gostou muito do filme, enquanto estava drogado.
Eu não sou nenhum puritano (antes pelo contrário) e não tenho nada contra a malta que vê filmes, que só funcionam com droga, essa malta até é honesta e explica que o filme só funciona assim. Eu não consumo drogas mas gosto de beber uns copos e sei que há filmes artísticos ou do cinema mudo, que só gosto de ver com uma garrafa de vinho ao lado...
Mas este "Povestea dragostei" parece-me um filme infantil para drogados, e isso está errado.
Não vejo nada de mal em por exemplo aparecerem mulheres nuas em filmes infantis (não se trata do caso deste filme, mas irei falar disso depois), mas neste filme em particular (isto é cinema de autor) pareceu-me que o realizador estaria a fazer um filme para drogados dos anos 70, sei lá!
Por acaso o conceito de substituir magia por tecnologia científica extra-terrestre na Idade Média, é algo que me agrada bastante. O episódio do Star Trek "Quem faz o luto por Adónis?", postulava que os deuses gregos eram extra-terrestres:
Ausência de pudor religioso no cinema e sociedade do bloco comunista da URSS
Screenshot do filme soviético de 1976 "A Pequena Sereia"
A liberdade moral apenas surge, quando a Igreja perde o poder. Em Espanha e Portugal as ditaduras do Franco e do Salazar eram apoiadas pela Igreja Católica, organização que no século XX apoiou o fascismo e que na Idade Média apoiava a escravidão do Feudalismo, como bem sabemos dos livros escolares que explicam que "O Clero e Nobreza detinham 98% da Riqueza de Portugal".
De Portugal e Espanha nada se conclui acerca da evolução da liberdade do Cinema, porque quando caíram as ditaduras nos anos 70, caiu também automaticamente o poder (influência) da Igreja Católica, a elas agregado.
Será interessante ver a ausência de pudor (conceito criado pela Igreja para subjugar politicamente a sociedade) no cinema infantil da União Soviética. O vídeo abaixo possui legendas PT-PT, traduzidas por mim, disponíveis se clicarem no respectivo botãozinho da janela do You Tube. Mas eu não mostrei nenhuma nudez neste meu velho clip, isto é apenas uma cena do mercado medieval.
Nas minhas legendas traduzi o seguinte:
Olha o Zé da Adega armado em poeta Bocage ou Camões
Muito melhor que o som dos canhões ouvir, Um copo cheio de boa cerveja beber. A Baco todos permanecem fiéis, Seja um Sapateiro ou um Cavaleiro.
(era este o moral do cinema infantil soviético em 1976, bebam copos e não façam mal aos outros )
A young, beautiful mermaid falls in love with a dashingly handsome human prince, after saving him from drowning. In the hope of winning the prince’s heart, she asks the sea witch for a pair of human legs. The witch agrees to give the mermaid the most beautiful pair of legs known to man. But there’s a catch: every step the mermaid takes will feel like it was taken on razorblades – her feet will bleed ceaselessly. And even worse, her greatest possession – a beautiful mermaid voice – will forever be silenced. But the mermaid, in love with the Prince, agrees to the deal.
The next morning, the prince finds the mermaid washed up on the shore, naked, with her beautiful new human legs. Long story short, he marries another woman. The mermaid, after toying with the idea of killing the Prince, eventually throws herself into the ocean and dies.
I always preferred this version over Disney’s rendition. Some children might beg to differ.
-(Hans Christian Anderson – Fairy Tales 1839)
The horribly disturbing fairy tales featured on this list involve torture, rape, cannibalism, infanticide, necrophilia, bestiality, cruel and unusual punishment, and incest – all of them taboo subjects in today’s sterilized society. Many consider them unsuitable reading material for 21st century children, with their sunny dispositions and delicate, impressionable minds.
Cringe-inducing though such subjects may be to many modern parents, they were often common themes in fairy tales – enjoyed by children and adults alike over the centuries.
Eu não posso aceitar nenhum Production Code religioso versão 3.1, que "protega" "religiosamente"/"moralmente" os cidadãos do século XXI do acesso ao teor dos contos tradicionais europeus.
Que brincadeira de censura e estupidificação vem a ser esta? Voltamos aos tempos em que o bispo de Alexandria mandou matar a cientista Hipátia, para abafar a ciência e impôr a escravidão da fé cristã sobre os povos? Olhem que eu não gosto de ver certos padrões da História a repetirem-se...
Na versão soviética a sereia está cheia de dores lancinantes nas pernas humanas, enquanto caminha em terra, conforme o conto tradicional. Já nem falo da naturalidade em que a nudez aparece num filme soviético para criança ver, numa sociedade mais livre de certos tabus religiosos, que não fazem nenhum sentido, pois nos países nórdicos como a Finlândia, as famílias vão à sauna e todos estão nús... nenhuma criança finlandesa ficou pior por ver nudez que não traz nenhum mal ao mundo.
Se os caros amigos e companheiros do fórum gostam do visual e outros aspectos da versão da Disney, isso tem toda a lógica e não vejo mal nenhum nisso. Mas o puritanismo de origem religiosa evangélica americana, entra em conflito ideológico com os meus valores libertinos do Renascimento Europeu.
Porque é que antigamente as crianças tinham acesso à versão "hard-core" dos contos de fadas, e no século XX a Disney impõe puritanismo às crianças? Que brincadeira perigosa vem a ser esta?
Realizador e Desenhador: Anatoly Petrov (1937-2010)
Anatoly Petrov (1937-2010)
The nymph Salamacis 1992 Нимфа Салмака - Animação russa com nudez acerca de ninfas
Polyphemus, Acis and Galatea / Полифем, Акид и Галатея (1996)
Este realizador soviético foi premiado em 1979, pelo seu filme de ficção científica, que dá na cabeça ao colonialismo em África, mas cuja premissa é semelhante ao filme "Terminator" com abordagem da corrente filosófica da ficção científica pura e dura. Filme completo: