Nota introdutória
Habitualmente inicio um tópico de um filme pela ficha técnica no primeiro post de abertura do tópico, ao que farei agora uma primeira excepção em toda a história da minha colaboração neste fórum.
Irei criar a ficha técnica no post #2, após a minha introdução e explicação do contexto deste tópico.
Há dez anos atrás deparei-me com uma tese de doutoramento, no site oficial de uma prestigiada universidade norte-americana, acerca da Unidade 731, em que o académico descrevia as atrocidades cometidas na Manchúria, durante a 2ª Guerra Mundial.
Até hoje nunca esqueci a descrição escrita pelo próprio médico Shiro Ishii (a quem os americanos deram total imunidade diplomática e isenção de ser julgado por crimes contra a humanidade), onde ele relatava que abria a barriga aos prisioneiros sem anestesia, para retirar o estômago, e coser a saída do esófago directamente aos intestinos, para medir quantos dias as vítimas humanas conseguiam sobreviver sem estômago. No diário escrito pelo próprio médico Shiro Ishii, ele relatava que certa vez ia "operar" uma mulher e ela disse-lhe que fizesse o que quisesse com ela, mas que poupasse a filha dela. O médico tomou nota disso no seu diário, e após abrir a barriga dessa mulher, sem anestesia e com ela aos gritos, e após retirar-lhe o estômago para fora e coser o esófago aos intestinos e cronometrar quantas horas ou dias ela permanecia viva aos gritos, mandou os guardas irem buscar a filha dela criança, e fez o mesmo à menina.
Essa tese de doutoramento que eu li, também continha fotografias tiradas pelos japoneses das vítimas de vivissecção, amarradas à marquesa, com a barriga aberta e os intestinos à mostra. Vi também fotos muito mais explícitas e graves de prisioneiros a quem cortavam os braços e pernas aos poucos, até restar apenas um torso de um ser humano vivo amarrado com cordas.
Até hoje nunca recuperei desse choque...
Entretanto eu soube que as atrocidades japonesas foram abafadas pelo governo norte-americano, durante meio século, que protegeu o médico Shiro Ishii, em troca de ele produzir armas biológicas militares para o governo dos EUA. Quando a URSS invadiu a Manchúria em 1945 e capturou alguns dos médicos da Unidade 731, que não conseguiram fugir para o lado americano, a União Soviética julgou-os por crimes contra a humanidade e condenou-os a um Gulag na Sibéria, perante isso os EUA lançaram uma campanha política de desinformação na Europa da NATO (Portugal incluído) contra a URSS, dizendo que a Unidade 731 nunca existiu e que era apenas propaganda comunista.
O resultado foi que o meu livro de História do 9º ano de escolaridade, publicado durante a guerra fria (onde apenas o bloco de leste tinha conhecimento do genocídio japonês, e seria proibido um país da NATO como Portugal referi-lo num manual escolar), apenas falava do genocídio que a Alemanha Nazi cometeu contra 6 milhões de judeus.
Agora... como é que acham que eu me sinto, enquanto cidadão português, em vir a saber no século XXI, que estas atrocidades japonesas foram abafadas em Portugal, pelos autores dos livros escolares de História, durante meio século, a mando do governo dos EUA!? Reparem que isto era conhecimento comum no bloco de leste...
Não se preocupem que eu tenho fontes e confirmações para os comentários anti-americanos que escrevi acima, eu não sou adepto de teorias de conspirações, e digo as verdades como elas são:
https://en.wikipedia.org/wiki/Unit_731#Separate_Soviet_trials
E ainda digo mais! Acho que conforme a idade de cada leitor que esteja a ler isto, cada um deverá verificar no wikipedia em que ano este genocídio veio à tona, e vir aqui dizer se os seus livros de história portugueses já foram de-censurados em Portugal, para ficarem de acordo com os livros de história soviéticos. Em particular algum leitor português que tenha sido professor ou estudante universitário no século XXI, em disciplinas de História.
Em relação à escolha deste filme (que ainda não vi), para falar deste assunto sensível, o problema é que não existe mais nenhuma alternativa cinematográfica minimamente séria. Ao menos o criador do filme do tópico esforçou-se por fazer um trabalho sério, e quando foi à Manchúria filmar no Quartel General da antiga Unidade 731, causou um estado de choque por entre os aldeões chineses, traumatizados com o passado, eu ainda não vi o filme mas as cenas que vi possuem efeitos especiais muito manhosos/ridículos/maus característicos de um mau filme italiano de exploitation da década de 1970. Resta saber se o enredo do filme é minimamente sério como "A Lista De Schindler" ou se o realizador apenas pretendia fazer macacada exploitation à italiana...
Seja como for, o que irei escrever sobre o background desta história é comum e independente de qualquer filme.
Habitualmente inicio um tópico de um filme pela ficha técnica no primeiro post de abertura do tópico, ao que farei agora uma primeira excepção em toda a história da minha colaboração neste fórum.
Irei criar a ficha técnica no post #2, após a minha introdução e explicação do contexto deste tópico.
Há dez anos atrás deparei-me com uma tese de doutoramento, no site oficial de uma prestigiada universidade norte-americana, acerca da Unidade 731, em que o académico descrevia as atrocidades cometidas na Manchúria, durante a 2ª Guerra Mundial.
Até hoje nunca esqueci a descrição escrita pelo próprio médico Shiro Ishii (a quem os americanos deram total imunidade diplomática e isenção de ser julgado por crimes contra a humanidade), onde ele relatava que abria a barriga aos prisioneiros sem anestesia, para retirar o estômago, e coser a saída do esófago directamente aos intestinos, para medir quantos dias as vítimas humanas conseguiam sobreviver sem estômago. No diário escrito pelo próprio médico Shiro Ishii, ele relatava que certa vez ia "operar" uma mulher e ela disse-lhe que fizesse o que quisesse com ela, mas que poupasse a filha dela. O médico tomou nota disso no seu diário, e após abrir a barriga dessa mulher, sem anestesia e com ela aos gritos, e após retirar-lhe o estômago para fora e coser o esófago aos intestinos e cronometrar quantas horas ou dias ela permanecia viva aos gritos, mandou os guardas irem buscar a filha dela criança, e fez o mesmo à menina.
Essa tese de doutoramento que eu li, também continha fotografias tiradas pelos japoneses das vítimas de vivissecção, amarradas à marquesa, com a barriga aberta e os intestinos à mostra. Vi também fotos muito mais explícitas e graves de prisioneiros a quem cortavam os braços e pernas aos poucos, até restar apenas um torso de um ser humano vivo amarrado com cordas.
Até hoje nunca recuperei desse choque...
Entretanto eu soube que as atrocidades japonesas foram abafadas pelo governo norte-americano, durante meio século, que protegeu o médico Shiro Ishii, em troca de ele produzir armas biológicas militares para o governo dos EUA. Quando a URSS invadiu a Manchúria em 1945 e capturou alguns dos médicos da Unidade 731, que não conseguiram fugir para o lado americano, a União Soviética julgou-os por crimes contra a humanidade e condenou-os a um Gulag na Sibéria, perante isso os EUA lançaram uma campanha política de desinformação na Europa da NATO (Portugal incluído) contra a URSS, dizendo que a Unidade 731 nunca existiu e que era apenas propaganda comunista.
O resultado foi que o meu livro de História do 9º ano de escolaridade, publicado durante a guerra fria (onde apenas o bloco de leste tinha conhecimento do genocídio japonês, e seria proibido um país da NATO como Portugal referi-lo num manual escolar), apenas falava do genocídio que a Alemanha Nazi cometeu contra 6 milhões de judeus.
Agora... como é que acham que eu me sinto, enquanto cidadão português, em vir a saber no século XXI, que estas atrocidades japonesas foram abafadas em Portugal, pelos autores dos livros escolares de História, durante meio século, a mando do governo dos EUA!? Reparem que isto era conhecimento comum no bloco de leste...
Não se preocupem que eu tenho fontes e confirmações para os comentários anti-americanos que escrevi acima, eu não sou adepto de teorias de conspirações, e digo as verdades como elas são:
https://en.wikipedia.org/wiki/Unit_731#Separate_Soviet_trials
E ainda digo mais! Acho que conforme a idade de cada leitor que esteja a ler isto, cada um deverá verificar no wikipedia em que ano este genocídio veio à tona, e vir aqui dizer se os seus livros de história portugueses já foram de-censurados em Portugal, para ficarem de acordo com os livros de história soviéticos. Em particular algum leitor português que tenha sido professor ou estudante universitário no século XXI, em disciplinas de História.
Em relação à escolha deste filme (que ainda não vi), para falar deste assunto sensível, o problema é que não existe mais nenhuma alternativa cinematográfica minimamente séria. Ao menos o criador do filme do tópico esforçou-se por fazer um trabalho sério, e quando foi à Manchúria filmar no Quartel General da antiga Unidade 731, causou um estado de choque por entre os aldeões chineses, traumatizados com o passado, eu ainda não vi o filme mas as cenas que vi possuem efeitos especiais muito manhosos/ridículos/maus característicos de um mau filme italiano de exploitation da década de 1970. Resta saber se o enredo do filme é minimamente sério como "A Lista De Schindler" ou se o realizador apenas pretendia fazer macacada exploitation à italiana...
Seja como for, o que irei escrever sobre o background desta história é comum e independente de qualquer filme.