Observação: Texto com dois anos, que me deu muito trabalho a transpôr para aqui, pois quer os videos com excertos de 2 minutos, quer mesmo os trailers originais oficiais são proíbidos no You Tube, a pedido do detentor de copyright. Situação insólita e vergonhosa, de falta de inteligência. Mas para isso existe o Vimeo...
Planet of the Apes
Nota: Esté póster foi considerado o maior spoiler da história do Cinema, mas como a minha crítica será também baseada em spoilers, optei por esta versão. De resto justifica-se por ser um filme muito antigo e famoso.
Título original: Planet of the Apes
Título brasileiro: O Planeta dos Macacos
Título português: Nota: Consultar IMDB! Não apresento o título nacional, como forma de protesto pessoal à tradução bárbara.
Data de lançamento: 2 de Abril de 1968 (EUA)
Realizador: Franklin J. Schaffner
Género(s): Ficção Científica, Drama
Duração: 112 min
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0063442/
Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Planet_of_the_Apes_%281968_film%29
Sinopse:
Uma nave espacial, com a missão científica de investigar o efeito de dilatação de tempo, da Teoria da Relatividade Restrita, que pretendia retornar à Terra no futuro distante, despenha-se num planeta desconhecido, onde os 3 astronautas sobreviventes se deparam com um planeta governado por macacos.
Trailer original:
Chamada de atenção: Este trailer ainda está no You Tube, mas foi o único que sobreviveu à campanha de ataque do copyright holder, que por falta de inteligência (talvez seja macaco) não quer que os fãs promovam o filme no You Tube.
[Opinião Pessoal] Gostei do seguinte comentário a este trailer no You Tube:
comparing this to the two recent films makes you realise how far the movie industry has come
yes the older movies were made for adults
Prémios:
http://www.imdb.com/title/tt0063442/awards?ref_=tt_awd
Opinião:
Cinema de intervenção político-social e ficção científica filosófica profunda
Com este texto proponho-me a convencer, nem que seja apenas um leitor do fórum, a verem ou reverem este filme com outros olhos. Farei uma abordagem pessoal e original. O meu texto irá conter spoilers, mas o filme teve seguimento em quatro outros filmes da pentalogia de 1968-1973, que também são interessantes.
O filme é formidável e muito poderoso, apenas não é obra-prima por causa de um pormenor muito grave, e assim começo esta crítica muito positiva, pelo tal pormenor muito mau em questão.
O clip seguinte é espectacular e uma das minhas cenas preferidas do filme, é uma interpretação excelente do Charlton Heston, muito profunda e filosófica, e algures no meio desta cena existe uma única palavra, que faz com que a minha classificação caía de 10/10 para 9/10. A malta de ciências aqui do fórum, poderá tentar descobrir que palavra é! (algo errado a nível da Teoria de Relatividade que eu irei explicar no parágrafo seguinte).
Ora bem, o filme baseia-se num livro de ficção científica francês, cujo autor entendia e utilizou o efeito de dilatação de tempo da Teoria da Relatividade Restrita, publicada em 1905 por Albert Einstein, e comprovada experimentalmente a partir de 1938.
Livro francês: http://en.wikipedia.org/wiki/Planet_of_the_Apes_%28novel%29
Comprovação experimental da dilatação de tempo: http://en.wikipedia.org/wiki/Time_dilation#Experimental_confirmation
O que eu não admito, e acho gravíssimo, é tendo esta base científica comprovada, um dos argumentistas do filme, mudar uma teoria comprovada de Albert Eistein para uma teoria qualquer incerta de um "Dr. Hesslein" fictício. Uma coisa é o argumentista não saber de física, porque a tal não é obrigado e cometer um erro por ignorância. Isso até aceito e é bastante comum. Agora apagar a teoria de Einstein do argumento-base do livro, mas porquê? Perdeu-se uma boa oportunidade para familiarizar um povo, que usa GPS no automóvel, que só funciona correctamente com os cálculos da dilatação de tempo, mas quando um cientista refere dilatação do tempo, acham que é magia ou ficção científica, e não acreditam nisso. Se o filme mantivesse a associação do livro entre o conceituado Einstein e o efeito de dilatação de tempo, com todo o efeito visual espectacular do filme, ao menos o povo ficava com essa noção...
Este filme não é do mesmo género daqueles remakes infanto-juvenis de acção e karaté do séc. XXI, que são ocos e descartáveis. Esta versão de 1968 é um filme sério e é também um filme a sério, este é um clássico grandioso, que resistirá às modas e ao teste do tempo.
O filme está tecnicamente muito bem conseguido, já em criança gostava muito dele pelo factor sci-fi e aventura, e até tinha algum medo, como se fosse um filme de terror, pela ansiedade dos astronautas escaparem aos gorilas (a casta militar) que eram muito assustadores quando eu tinha 6 anos de idade. Na altura só tinha as cassetes com os 3 primeiros filmes, e o 2º filme também me metia medo com os humanos mutantes nas ruínas do metro de Nova Iorque, e a invasão do exército de gorilas.
Só muito mais tarde descobri que existiam o 4º e 5º filme, quando a TVI surgiu e transmitiu os 5 filmes de seguida.
Aqui está o grande spoiler do póster, quando o Coronel Taylor descobre que afinal estava na Terra do futuro, após o apocalipse nuclear da 3ª Guerra Mundial URSS-NATO. Lamento, mas tenho mesmo de usar spoilers nesta crítica.
Este é um filme de intervenção a vários níveis, na imagem acima é a consciencialização dos perigos do equilíbrio de terror nuclear da guerra fria. Este twist final foi autoria do famoso Rod Serling do Twilight Zone, um pedaço da versão dele do argumento que mantiveram.
O Cinema de intervenção recheia este filme, mas existe uma grande cena de tribunal, que adoro e criei um excerto no Vimeo. Neste julgamento, à semelhança do filme do Stanley Kramer "Inherit the Wind", é criticado o fanatismo religioso e sua interferência na política. O julgamento é muito maior e mais interessante do que é mostrado aqui:
Este é um filme de macacos que não é macacada, ao contrário de muitas macacadas que Hollywood anda a fazer nos últimos 20 anos.
EDIT: Acrescentei agora o seguinte comentário pessoal.
Quem não o viu, deve vê-lo porque é um clássico incontornável do Cinema, muito superior a filmes como o Ben-Hur, 10 Mandamentos e afins. Eu já adorava o filme com 6 anos de idade, numa altura em que só queria James Bond, Espaço 1999, Galáctica, Star Wars e afins. Com essa idade não entendia bem o inglês, percebia que o nome do astronauta era Taylor e pouco mais, mas como tinha os 3 primeiros filmes já percebia o significado da estátua da liberdade, e que era a Terra destruída do futuro (Já gostava de viagens no tempo aos 6 anos de idade!). Toda esta questão de cinema de intervenção político e social passou-me ao lado durante muito tempo, por isso é um filme que tem sempre algo de novo para rever e apreciar em idades diferentes.
Quem já viu o filme há muito tempo poderá querer revê-lo com atenção a algum aspecto crítico do filme, que talvez tenha escapado numa visualização anterior.
Um filme obrigatório e excelente. 9/10
Espero que tenham gostado da minha análise...
Planet of the Apes
Nota: Esté póster foi considerado o maior spoiler da história do Cinema, mas como a minha crítica será também baseada em spoilers, optei por esta versão. De resto justifica-se por ser um filme muito antigo e famoso.
Título original: Planet of the Apes
Título brasileiro: O Planeta dos Macacos
Título português: Nota: Consultar IMDB! Não apresento o título nacional, como forma de protesto pessoal à tradução bárbara.
Data de lançamento: 2 de Abril de 1968 (EUA)
Realizador: Franklin J. Schaffner
Género(s): Ficção Científica, Drama
Duração: 112 min
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0063442/
Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Planet_of_the_Apes_%281968_film%29
Sinopse:
Uma nave espacial, com a missão científica de investigar o efeito de dilatação de tempo, da Teoria da Relatividade Restrita, que pretendia retornar à Terra no futuro distante, despenha-se num planeta desconhecido, onde os 3 astronautas sobreviventes se deparam com um planeta governado por macacos.
Trailer original:
Chamada de atenção: Este trailer ainda está no You Tube, mas foi o único que sobreviveu à campanha de ataque do copyright holder, que por falta de inteligência (talvez seja macaco) não quer que os fãs promovam o filme no You Tube.
[Opinião Pessoal] Gostei do seguinte comentário a este trailer no You Tube:
comparing this to the two recent films makes you realise how far the movie industry has come
yes the older movies were made for adults
Prémios:
http://www.imdb.com/title/tt0063442/awards?ref_=tt_awd
Opinião:
Cinema de intervenção político-social e ficção científica filosófica profunda
Com este texto proponho-me a convencer, nem que seja apenas um leitor do fórum, a verem ou reverem este filme com outros olhos. Farei uma abordagem pessoal e original. O meu texto irá conter spoilers, mas o filme teve seguimento em quatro outros filmes da pentalogia de 1968-1973, que também são interessantes.
O filme é formidável e muito poderoso, apenas não é obra-prima por causa de um pormenor muito grave, e assim começo esta crítica muito positiva, pelo tal pormenor muito mau em questão.
O clip seguinte é espectacular e uma das minhas cenas preferidas do filme, é uma interpretação excelente do Charlton Heston, muito profunda e filosófica, e algures no meio desta cena existe uma única palavra, que faz com que a minha classificação caía de 10/10 para 9/10. A malta de ciências aqui do fórum, poderá tentar descobrir que palavra é! (algo errado a nível da Teoria de Relatividade que eu irei explicar no parágrafo seguinte).
Planet of the Apes (1968) - Philosophical Intro from Clips do Zé on Vimeo.
Ora bem, o filme baseia-se num livro de ficção científica francês, cujo autor entendia e utilizou o efeito de dilatação de tempo da Teoria da Relatividade Restrita, publicada em 1905 por Albert Einstein, e comprovada experimentalmente a partir de 1938.
Livro francês: http://en.wikipedia.org/wiki/Planet_of_the_Apes_%28novel%29
Comprovação experimental da dilatação de tempo: http://en.wikipedia.org/wiki/Time_dilation#Experimental_confirmation
O que eu não admito, e acho gravíssimo, é tendo esta base científica comprovada, um dos argumentistas do filme, mudar uma teoria comprovada de Albert Eistein para uma teoria qualquer incerta de um "Dr. Hesslein" fictício. Uma coisa é o argumentista não saber de física, porque a tal não é obrigado e cometer um erro por ignorância. Isso até aceito e é bastante comum. Agora apagar a teoria de Einstein do argumento-base do livro, mas porquê? Perdeu-se uma boa oportunidade para familiarizar um povo, que usa GPS no automóvel, que só funciona correctamente com os cálculos da dilatação de tempo, mas quando um cientista refere dilatação do tempo, acham que é magia ou ficção científica, e não acreditam nisso. Se o filme mantivesse a associação do livro entre o conceituado Einstein e o efeito de dilatação de tempo, com todo o efeito visual espectacular do filme, ao menos o povo ficava com essa noção...
Este filme não é do mesmo género daqueles remakes infanto-juvenis de acção e karaté do séc. XXI, que são ocos e descartáveis. Esta versão de 1968 é um filme sério e é também um filme a sério, este é um clássico grandioso, que resistirá às modas e ao teste do tempo.
O filme está tecnicamente muito bem conseguido, já em criança gostava muito dele pelo factor sci-fi e aventura, e até tinha algum medo, como se fosse um filme de terror, pela ansiedade dos astronautas escaparem aos gorilas (a casta militar) que eram muito assustadores quando eu tinha 6 anos de idade. Na altura só tinha as cassetes com os 3 primeiros filmes, e o 2º filme também me metia medo com os humanos mutantes nas ruínas do metro de Nova Iorque, e a invasão do exército de gorilas.
Só muito mais tarde descobri que existiam o 4º e 5º filme, quando a TVI surgiu e transmitiu os 5 filmes de seguida.
Aqui está o grande spoiler do póster, quando o Coronel Taylor descobre que afinal estava na Terra do futuro, após o apocalipse nuclear da 3ª Guerra Mundial URSS-NATO. Lamento, mas tenho mesmo de usar spoilers nesta crítica.
Este é um filme de intervenção a vários níveis, na imagem acima é a consciencialização dos perigos do equilíbrio de terror nuclear da guerra fria. Este twist final foi autoria do famoso Rod Serling do Twilight Zone, um pedaço da versão dele do argumento que mantiveram.
O Cinema de intervenção recheia este filme, mas existe uma grande cena de tribunal, que adoro e criei um excerto no Vimeo. Neste julgamento, à semelhança do filme do Stanley Kramer "Inherit the Wind", é criticado o fanatismo religioso e sua interferência na política. O julgamento é muito maior e mais interessante do que é mostrado aqui:
Planet of The Apes (1968) - tribunal scene from Clips do Zé on Vimeo.
Este é um filme de macacos que não é macacada, ao contrário de muitas macacadas que Hollywood anda a fazer nos últimos 20 anos.
EDIT: Acrescentei agora o seguinte comentário pessoal.
Um diálogo poderoso que surge no final do clip acima é este:
Orangotango religioso: Diz-me Taylor, porque é que todos os macacos são criados iguais (ao olhos de Deus)?
Humano Taylor: Parece-me que alguns macacos são mais iguais do que outros...
Pronto! Aqui está o exemplo de um diálogo filosófico inteligente! O Cinema não pode ser só a macacada dos blockbusters de Hollywood com fórmula/argumento comercial previsível e pancadaria...
Quem não o viu, deve vê-lo porque é um clássico incontornável do Cinema, muito superior a filmes como o Ben-Hur, 10 Mandamentos e afins. Eu já adorava o filme com 6 anos de idade, numa altura em que só queria James Bond, Espaço 1999, Galáctica, Star Wars e afins. Com essa idade não entendia bem o inglês, percebia que o nome do astronauta era Taylor e pouco mais, mas como tinha os 3 primeiros filmes já percebia o significado da estátua da liberdade, e que era a Terra destruída do futuro (Já gostava de viagens no tempo aos 6 anos de idade!). Toda esta questão de cinema de intervenção político e social passou-me ao lado durante muito tempo, por isso é um filme que tem sempre algo de novo para rever e apreciar em idades diferentes.
Quem já viu o filme há muito tempo poderá querer revê-lo com atenção a algum aspecto crítico do filme, que talvez tenha escapado numa visualização anterior.
Um filme obrigatório e excelente. 9/10
Espero que tenham gostado da minha análise...