- Filme integrado na colecção gratuita dos estúdios Mosfilm, no You Tube -
Viy / Вий
Título original: Вий
Título inglês internacional: Viy
País(es) de origem: URSS: Rússia (e filmado na Ucrânia, a ficha técnica russa não especifica se a Ucrânia foi país co-produtor)
Data de lançamento: 22 de Novembro de 1967 (URSS)
Realizadores: Konstantin Ershov, Georgi Kropachyov
Género(s): Terror, Conto (adaptação cinematográfica de clássico da literatura gótica do terror)
Duração: 78 min
IMDB / Wikipedia
Trailer (incorporação desactivada a pedido do estúdio russo que oferece o filme, cliquem em "ver no You Tube"):
Sinopse:
Adaptação cinematográfica da obra literária, com o mesmo nome, publicada em 1835 pelo escritor Nikolai Gogol. Este conto baseia-se nas lendas e folclores ucranianos e tem como premissa um padre noviço, estudante de filosofia no mosteiro de Bratsky, na cidade de Kiev, que matou uma bruxa e se vê obrigado a rezar o seu velório, trancado na capela da aldeia, durante 3 noites.
Filme Completo, versão oficial 480p, legendada em inglês (não pode ser incorporado e tem de ser visto no You Tube, em resultado do acordo entre a Mosfilm e a Google):
1) Introdução.
A meu ver, esta é a primeira adaptação, bem sucedida pelo cinema, de um clássico da literatura do terror, que o Ocidente foi incapaz de concretizar até ao ano de 1992, altura em que Francis Ford Coppola realizou o excelente filme "Drácula de Bram Stoker", pois até então existiu desrespeito pelo enredo do livro de Bram Stocker, pelos estúdios Universal e Hammer, e até o famoso filme mudo alemão "Nosferatu" fez a mesma asneira.
Exactamente 25 anos separam os dois filmes. O cinema da União Soviética evoluiu independentemente do cinema ocidental, e por isso tem as suas próprias características que divergem bastante da história do cinema que nós conhecemos no ocidente, e simplesmente existem filmes soviéticos que fogem às normas e não encaixam na nossa percepção da evolução do cinema, este filme é um deles...
2) Livro de 1835.
Retrato do escritor Nikolai Vasilievich Gogol, em 1845.
Gogol foi um contemporâneo do célebre escritor Edgar Alan Poe e ambos escreviam contos do fantástico e sobrenatural, pelo que constatei no wikipédia, uma diferença entre eles, era a de que Gogol seguia uma corrente literária denomidada de "Realismo", na qual existia um cuidado por apresentar uma narração fiel à realidade e natureza, com comportamentos, diálogos e acções que sejam lógicos e credíveis. Este filme segue esse espírito e por isso é quase um documentário histórico de como as pessoas viviam antigamente. De resto dei uma vista de olhos no resumo do enredo do livro e parece-me que o filme é fiel a ele.
3) Folclore Tradicional.
O filme começa com a narração da seguinte nota do escritor:
"Viy é uma criação colossal do imaginário do povo. O conto em si é uma lenda popular pura, e eu conto-a sem alterar nada...em toda a sua simplicidade, exactamente como a ouvi ser contada.
Gogol."
É posto em causa que isto seja verdade, e julga-se que esta afirmação terá sido um artifício literário do escritor. Ou seja julga-se que a história seja apenas ficção, embora com alguns elementos autênticos do folclore do povo ucraniano. Não se trata portanto de uma recolha de lendas, conforme os célebres irmãos Grimm efectivamente realizaram.
Nós em Portugal temos os nossos contos e lendas, maioritariamente histórias de fome e de vigarice, como a famosa "Sopa da Pedra" . Histórias que eram contadas antigamente às crianças pelos avós, e que já vêm de há muitos séculos, da plena idade média.
Quando uma história destas é adpatada para o cinema, com o cuidado, detalhe, esforço e a qualidade com que é feita aqui, temos automáticamente uma recriação de como se vivia e pensava na idade média, com todo o seu encanto histórico. Julgo que é este o grande ponto forte deste filme, a reconstituição histórica.
4) Prós e contras do filme.
O único aspecto de que não gostei foi uma cena, em que surgem criaturas do submundo, pelo seu ridículo, felizmente a cena dura pouco tempo.
A nível de efeitos especiais, existem alguns que são brilhantes, e superiores ao que se fazia nessa altura em Hollywood, outros são bastante fracos, mas tanto os bons e os maus são diferentes do cinema ocidental, o que os torna curiosos.
A interpretação de todos os actores, a nível de credibilidade, é simplesmente brilhante, do mais alto nível. Excelente caracterização e guarda-roupa.
A fotografia é genial (tirei screenshots, para mostrar isto). Belíssimas imagens e cenários no exterior e em estúdio.
A música é boa e apropriada.
O filme possui 2 realizadores e ambos são também argumentistas. :-)
Essencialmente conseguiram criar um universo credível, com muita atenção a cada pormenor.
5) Imagens:
6) Conclusão.
Pessoalmente gostei bastante de ver este filme pela primeira vez em 2011, e pela segunda vez agora (em 2012), no âmbito desta crítica. No meu caso gosto muito de filmes passados em tempos antigos, e este filme mantém um ambiente cheio de encanto, 45 anos depois de ter sido feito. Os efeitos especiais não se aguentam, mas tudo o resto mantêm-se sólido, após estes anos todos. Nem todos irão gostar dele, mas recomendo-o nem que seja para ver uma abordagem completamente estranha à de Holywood, e neste caso melhor.
Excerto criado por mim da cena que me parece mais interessante partilhar, com destaque para a rotação da câmera ao início, pois uma característica típica e bonita da cinematografia soviética consistia no operador de câmera andar a pé à volta dos actores:
Observação: Texto escrito por mim aos poucos em 2011 e 2012, e actualizado em 2015.
Viy / Вий
Título original: Вий
Título inglês internacional: Viy
País(es) de origem: URSS: Rússia (e filmado na Ucrânia, a ficha técnica russa não especifica se a Ucrânia foi país co-produtor)
Data de lançamento: 22 de Novembro de 1967 (URSS)
Realizadores: Konstantin Ershov, Georgi Kropachyov
Género(s): Terror, Conto (adaptação cinematográfica de clássico da literatura gótica do terror)
Duração: 78 min
IMDB / Wikipedia
Trailer (incorporação desactivada a pedido do estúdio russo que oferece o filme, cliquem em "ver no You Tube"):
Sinopse:
Adaptação cinematográfica da obra literária, com o mesmo nome, publicada em 1835 pelo escritor Nikolai Gogol. Este conto baseia-se nas lendas e folclores ucranianos e tem como premissa um padre noviço, estudante de filosofia no mosteiro de Bratsky, na cidade de Kiev, que matou uma bruxa e se vê obrigado a rezar o seu velório, trancado na capela da aldeia, durante 3 noites.
Filme Completo, versão oficial 480p, legendada em inglês (não pode ser incorporado e tem de ser visto no You Tube, em resultado do acordo entre a Mosfilm e a Google):
1) Introdução.
A meu ver, esta é a primeira adaptação, bem sucedida pelo cinema, de um clássico da literatura do terror, que o Ocidente foi incapaz de concretizar até ao ano de 1992, altura em que Francis Ford Coppola realizou o excelente filme "Drácula de Bram Stoker", pois até então existiu desrespeito pelo enredo do livro de Bram Stocker, pelos estúdios Universal e Hammer, e até o famoso filme mudo alemão "Nosferatu" fez a mesma asneira.
Exactamente 25 anos separam os dois filmes. O cinema da União Soviética evoluiu independentemente do cinema ocidental, e por isso tem as suas próprias características que divergem bastante da história do cinema que nós conhecemos no ocidente, e simplesmente existem filmes soviéticos que fogem às normas e não encaixam na nossa percepção da evolução do cinema, este filme é um deles...
2) Livro de 1835.
Retrato do escritor Nikolai Vasilievich Gogol, em 1845.
Gogol foi um contemporâneo do célebre escritor Edgar Alan Poe e ambos escreviam contos do fantástico e sobrenatural, pelo que constatei no wikipédia, uma diferença entre eles, era a de que Gogol seguia uma corrente literária denomidada de "Realismo", na qual existia um cuidado por apresentar uma narração fiel à realidade e natureza, com comportamentos, diálogos e acções que sejam lógicos e credíveis. Este filme segue esse espírito e por isso é quase um documentário histórico de como as pessoas viviam antigamente. De resto dei uma vista de olhos no resumo do enredo do livro e parece-me que o filme é fiel a ele.
3) Folclore Tradicional.
O filme começa com a narração da seguinte nota do escritor:
"Viy é uma criação colossal do imaginário do povo. O conto em si é uma lenda popular pura, e eu conto-a sem alterar nada...em toda a sua simplicidade, exactamente como a ouvi ser contada.
Gogol."
É posto em causa que isto seja verdade, e julga-se que esta afirmação terá sido um artifício literário do escritor. Ou seja julga-se que a história seja apenas ficção, embora com alguns elementos autênticos do folclore do povo ucraniano. Não se trata portanto de uma recolha de lendas, conforme os célebres irmãos Grimm efectivamente realizaram.
Nós em Portugal temos os nossos contos e lendas, maioritariamente histórias de fome e de vigarice, como a famosa "Sopa da Pedra" . Histórias que eram contadas antigamente às crianças pelos avós, e que já vêm de há muitos séculos, da plena idade média.
Quando uma história destas é adpatada para o cinema, com o cuidado, detalhe, esforço e a qualidade com que é feita aqui, temos automáticamente uma recriação de como se vivia e pensava na idade média, com todo o seu encanto histórico. Julgo que é este o grande ponto forte deste filme, a reconstituição histórica.
4) Prós e contras do filme.
O único aspecto de que não gostei foi uma cena, em que surgem criaturas do submundo, pelo seu ridículo, felizmente a cena dura pouco tempo.
A nível de efeitos especiais, existem alguns que são brilhantes, e superiores ao que se fazia nessa altura em Hollywood, outros são bastante fracos, mas tanto os bons e os maus são diferentes do cinema ocidental, o que os torna curiosos.
A interpretação de todos os actores, a nível de credibilidade, é simplesmente brilhante, do mais alto nível. Excelente caracterização e guarda-roupa.
A fotografia é genial (tirei screenshots, para mostrar isto). Belíssimas imagens e cenários no exterior e em estúdio.
A música é boa e apropriada.
O filme possui 2 realizadores e ambos são também argumentistas. :-)
Essencialmente conseguiram criar um universo credível, com muita atenção a cada pormenor.
5) Imagens:
6) Conclusão.
Pessoalmente gostei bastante de ver este filme pela primeira vez em 2011, e pela segunda vez agora (em 2012), no âmbito desta crítica. No meu caso gosto muito de filmes passados em tempos antigos, e este filme mantém um ambiente cheio de encanto, 45 anos depois de ter sido feito. Os efeitos especiais não se aguentam, mas tudo o resto mantêm-se sólido, após estes anos todos. Nem todos irão gostar dele, mas recomendo-o nem que seja para ver uma abordagem completamente estranha à de Holywood, e neste caso melhor.
Excerto criado por mim da cena que me parece mais interessante partilhar, com destaque para a rotação da câmera ao início, pois uma característica típica e bonita da cinematografia soviética consistia no operador de câmera andar a pé à volta dos actores:
Observação: Texto escrito por mim aos poucos em 2011 e 2012, e actualizado em 2015.